segunda-feira, 9 de maio de 2011

Esquisitices de Myanmar-4

Viagem a Myanmar - parte 10 (última da série)
E finalmente termina aqui a lista das treze "esquisitices" da cultura de Myanmar que mais me chamaram a atenção nesta viagem.


10)  Remo com pé


Na região do lago Inle (sudeste de Myanmar), os pescadores desenvolveram um tipo de remada único no mundo: eles utilizam um pé para impulsionar o "remo" (na verdade, apenas um simples tronco de madeira), equilibrando-se na canoa sob  a outra perna. O lago Inle é extenso, mas pouco profundo, o que facilita bastante esta forma sui generis de propulsão de barco.



11)  Mulheres Padaung

As mulheres de pescoço comprido da tribo Padaung são uma atração turística deprimente da região do Lago Inle. Tirei esta foto com uma mistura de fascinação, pena e vergonha de mim mesma, por contribuir de alguma forma para a exploração cruel dessas mulheres. Por outro lado, penso que a divulgação dessa imagem talvez possa contribuir para a conscientização das pessoas para combater essa prática tão esquisita quanto abominável.Tomara!
Além de posarem para fotos,  as mulheres Padaung trabalham também como tecelãs num dos ateliês que visitei à beira do lago. Os anéis de metal começam a ser colocados no pescoço das meninas a partir dos 5 ou 6 anos de idade. À medida que elas crescem, mais anéis são acrescentados, esticando cada vez mais o comprimento do pescoço, até o número máximo de 24 anéis. Tive a oportunidade de segurar nas mãos um conjunto desses anéis e posso atestar: são pesadíssimos. Fico profundamente triste só de pensar nas meninas Padaung que jamais poderão praticar um esporte ou dançar com a leveza de uma criança "normal". Resta-me o consolo de saber que o número das mulheres de "pescoço comprido" tem diminuído progressivamente e que hoje existem menos de 180 delas no mundo. Pelo menos foi o que me garantiram lá.

12) Filas colossais para comprar gasolina

A primeira vez que vi um amontoado de pessoas ao lado de motocicletas paradas, pacientemente perfiladas em filas sêxtuplas, dando voltas em quarteirões, fiquei sem entender o que estava acontecendo. Para quem vive em Myanmar, esta é uma visão corriqueira, parte integrante da vida cotidiana. Trata-se da fila para comprar gasolina, cuja comercialização é controlada pelo governo. Aqueles que tem mais dinheiro, contratam vários motociclistas desocupados (homens, mulheres ou até crianças) para ficarem horas na fila e encherem o tanque de suas motos com o precioso líquido, que em seguida lhes é vendido ao preço tabelado. Para os que não dispõem desses "profissionais de fazer fila" e precisam encher o tanque do carro, a saída é comprar gasolina no mercado negro, que funciona abertamente pelas ruas e estradas de todo o país. Paga-se mais caro, mas em compensação obtém-se o luxo de encher o tanque de uma só vez, sem perder tempo nas filas intermináveis.

13) Longyi

Finalmente, a "esquisitice" cultural de Myanmar de que eu mais gosto: o uso do longyi por quase todos os homens e mulheres. O traje tradicional dos birmaneses é uma saia comprida, feita em tecido de algodão. O modelo é simples, igual para todo o mundo: costuram-se as extremidades do corte do tecido, faz-se um cós... e é só. Está pronto o longyi. Para vesti-lo, os homens amarram o pano em volta da cintura com um nó simples, atado bem na frente do corpo. Já as mulheres, em vez de fazerem o nó, empurram uma ponta do pano para dentro do cós, em um dos lados da cintura. 

Tive a sorte de mandar fazer um longyi para mim nesta viagem. Se não consegui passar por uma birmanesa típica, pelo menos me senti maravilhosamente feminina, rodeando minha nova saia para lá e para cá, tentando imitar a malemolência natural e sedutora das mulheres de Myanmar.





PS: Aqui chego ao final da série de textos sobre Myanmar. Desconfio que meus amigos já estão cansados de me ouvir falar sobre esta cultura fascinante. Juro que só volto a tocar no assunto depois da próxima viagem para lá!




3 comentários:

Patrícia disse...

Amei! Bjs saudosos...

Claudina disse...

Monica, a nossa querida Te-sá-chuê,
Só vocês para nos contar, minuciosamente, todas as peripécias da viagem.
Que riqueza!
Que maravilha!
Beijinhos,
Claudina

Leila disse...

Ei Mônica,
Obrigada por compartilhar esta experiência tão maravilhosa e enriquecedora.
Que barato!
Grande beijo
Leila Castilho